Ali, no princípio da palavra amor,
a letra a é prefixo de negação
- assim amorfo é o que forma não tem -
a-morte, não-morte, athánatos, amor;
no amor, um não à morte, não há morte.
Tu também tens teus nãos, nos quais tantos sins
se escondem, negativas que são promessas
caladas no calor-amor do olhar.
Nos três ás do teu nome estão guardados
três adjetivos derivados do amor:
O último, no paterno sobrenome,
amiga significa, amigos somos,
dês que nos vimos, dês que nos encontramos.
O do meio, letra do fim do prenome,
mostra, a quem não conhece, que és mulher,
este a é de amante, quente amante.
E, por fim, o primeira a, acentuado,
que é de amada, palavra que, em si,
contém três ás, o que mais que tudo tu és
- amada - pois mesmo amiga não mais
sendo, nem amante, amada continuarás.
Escrito em 1997, em Pedra Azul
publicado no jornal Vigia do Vale (em 2002)
e no livreto Poesia Escolhida (2005)
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